quinta-feira, 26 de julho de 2012

EGOÍSMO



A loucura resolveu convidar os amigos para tomarem um café em sua casa. Todos compareceram.
Após tomarem o café, a loucura propôs: – Vamos brincar de esconde-esconde?
- O que é isso? Perguntou a curiosidade.
- Esconde-esconde é uma brincadeira em que conto até cem e depois vou procurar, o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o medo e a preguiça.
- 1, 2, 3… – a loucura começou a contar. A pressa se escondeu primeiro, em qualquer  lugar. A timidez, tímida como sempre, se escondeu na copa da árvore. A alegria correu para o meio do jardim, já a tristeza começou a chorar, pois não achava um local apropriado para se esconder. A inveja acompanhou o triunfo e se escondeu perto dele, debaixo de uma pedra. A loucura continuava a contar e os seus amigos iam se escondendo. O desespero ficou desesperado ao ver a loucura que já estava no noventa e nove, cem…
Gritou a loucura: – Vou começar a procurar.
O primeiro a aparecer foi a curiosidade que já não agüentava mais querendo saber quem seria o próximo a contar.
Ao olhar para o lado a loucura viu a dúvida em cima do muro sem saber em qual dos lados se escondia melhor. E assim foram aparecendo, a alegria, a tristeza, a timidez…
Quando estavam todos reunidos, a curiosidade perguntou: – Onde está o amor?
Ninguém o tinha visto. A loucura começou a procurar. Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do amor aparecer. Procurando por todos os lados a loucura viu uma roseira, pegou um raminho dela e começou a cutucar por entre a folhagem. De repente ouviu um  grito. Era o amor, gritando por ter tido seus olhos rasgados pelos espinhos.
A loucura não sabia o que fazer. Pediu desculpas, implorou pelo perdão do amor e até prometeu servir-lhe para sempre. O amor aceitou as desculpas. Desde então e até hoje, o amor é cego e a loucura sempre o acompanha.”
Esta pequena e singela parábola traz em seu bojo um pouco do que se pensa do egoísmo.
A necessidade do amor monopolizou a vida da loucura, cativando-a em torno da culpa, responsabilizando-a pelo próprio infortúnio, mediante o pagamento de toda sua dedicação e tempo.
Logo aprendemos que a maior dor do mundo é a nossa, pois nós a sentimos. Por mais que amemos alguém, não conseguimos isolá-lo da sua para que nós a sintamos por ele. Creio que, aí está toda a ancestralidade do egoísmo, na geração de um verdadeiro escudo pelo instinto de sobrevivência.
Egoísta é aquela pessoa que só pensa nela e não pensa em mim? O altruísta é o que pensa em mim sem pensar em si? E a inveja, o ciúme, a soberba, são privilégios apenas dos egoístas ao amalgamar a raiva e infelicidade na ambivalência de sentir tristeza pelo bem alheio ou alegria pelo mal do outro, num misto de ódio e desgosto proporcionado pela prosperidade ou contentamento de alguém? Ou mal não é senti-las, mas cultivá-las?
Questões que temos de perseguir se quisermos entender que, entre o egoísmo e a generosidade, ítens permanentes e inerentes ao Ser Humano, está o justo, onde reside o ponto de equilíbrio de todos os projetos com vistas ao sucesso:- “Eu penso em você, com você, para nós”.
Alain de Button nos ensina: “O que dizer da generosidade alheia senão que, apenas não se deve contar com ela”.
A comunicação na boa hora, com as palavras escolhidas e certas, consertaria muitos relacionamentos, sararia muitas almas, tornaria as pessoas mais verdadeiras e mais bonitas.
Sabemos que as pessoas nos amam quando nos conhecem profundamente, intimamente e continuam nos amando quando com elas temos a liberdade e coragem de dizer: isso eu sinto, isso eu sou.
É preciso coragem para vencer o medo e ousar contra a individualidade para gerar o bem comum. Lembro-me de uma cena de “O resgate do soldado Ryan” quando a hesitação de um covarde se transforma em mortalha ao bravo herói. O covarde morre duas vezes. Quando alguém deixa de cumprir sua parte na missão conjunta, o peso tem de ser distribuído aos demais, o que eleva os esforços individuais, colocando em risco o objetivo inicial.
Possuímos três valores que, depois de perdidos, jamais serão recuperados: a hora que passa, a oportunidade de elevação e a palavra falada; mas três programas sublimes se desdobram à nossa frente para ajudar a nos recompor: amor, humildade e bom senso, e lembrar que jamais devemos culpar alguém por aquilo que nos acontece, pois somos os responsáveis diretos por tudo de bom ou de mal que surgir em nosso caminho, lembrando ainda que todos nós somos egoístas, mas não gostamos de assumir.
(Publicado na revista Bem Viver – Set-2009)

Um comentário:

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