sábado, 26 de setembro de 2015

OXUM MENINA


LENDA DE OXUM MENINA

Estava sambando no salto alto, na roda de samba do sábado à tarde. A mulata mais bonita da favela. Não era rica, mas com aquelas pernas nem precisava… Não tinha filhos, não era casada, nasceu para ser admirada… e era.
Ninguém sabia desde quando ela morava na favela, ninguém conhecia sua família. Não sabiam se ela tinha nascido ali, nenhum homem conseguiu ser seu namorado.
- Eita mulher metida. Se exibe toda pra todo mundo e não fica com ninguém. Deve achar que é a rainha dessa favela. Esses trouxas ficam paparicando, enchendo a bola dela. Coitados! Ela nem enxerga…
Ela não ligava pra inveja das mulheres, não dava atenção aos galanteios dos homens. Às vezes brincava com as crianças por alguns minutos, mas nunca se envolvia muito com as pessoas. Não havia uma única pessoa que conhecia seu barraco por dentro. Ninguém sabia o que ela fazia para viver. Sabiam apenas seu primeiro nome, Madalena. E era tudo o que sabiam.
Despertava paixões, inveja, brigas entre casais. Alguns se perguntavam se ela sabia disso tudo, se ela causava essas confusões de propósito. Ela nunca falava de sua vida pessoal. Quando alguma mulher tentava se aproximar, saber intimidades, ela sempre dizia que tinha alguma coisa para fazer ou que a novela estava começando. Evitava proximidade.
Certo dia Madalena ficou doente. De um dia para o outro ela caiu de cama. As pessoas da favela só perceberam três dias depois, por que ela não saia de seu barraco. A porta estava trancada e tiveram de arrombar para entrar. E quando entraram tiveram uma enorme surpresa. Ela não dormia numa cama, dentro de seu barraco não era uma casa. Parecia um terreiro de candomblé, mas o único orixá que povoava o terreiro era Oxum.
Tudo era dourado, tudo era perfumado. Pedras que pareciam pepitas de ouro enfeitavam os cantos e as mesas. Espelhos de mão enfeitavam uma penteadeira cheia de perfumes e jóias. E Madalena estava deitada em almofadas ricamente bordadas em cetim dourado. Delirava de dor, não conseguia impedir que as pessoas tocassem em seus objetos. Estava fraca, com frio e fome. Desmaiou.
Uma vizinha velha e sua neta estavam esperando Madalena acordar no hospital para onde a levaram, queriam saber quem poderiam chamar de sua família. Madalena não acordava. Médicos não sabiam dizer o que tinha acontecido com ela. Os exames não mostravam nada, nenhuma alteração em seu organismo que justificasse o coma. Ela estava em coma, sem ajuda de nenhum aparelho, mas estava cada vez mais fraca. A velha vizinha e sua neta espalhavam na favela que Madalena morreria, que ela tinha uma doença incurável.
No hospital Madalena era tratada como indigente. Não tinha família, nem sobrenome. Ninguém encontrou nenhum documento em sua casa que parecia terreiro. Ninguém sabia dizer qual era sua idade. A única prova da vida de Madalena era um pequeno caderno que ela guardava dentro de um pequeno baú, escondido embaixo de todas as suas almofadas douradas. E lá ela contava quem era, que idade tinha e qual era sua missão nessa vida. Lá estava a explicação para a decoração exótica de seu barraco. No caderno ela escreveu uma vez, para nunca se esquecer, da entrega que sua avó fizera quando ela nasceu.
Neta de mãe de santo. Sua mãe morreu quando ela nasceu. Sua avó entregou a vida da recém nascida para Oxum. E acreditava que Oxum viria ocupar aquela encarnação. E só estaria entre os vivos por três voltas da magia, o que significava vinte e um anos. Na segunda volta da magia, Madalena fugiu da avó para viver uma vida livre das obrigações com os fiéis que lhe procuravam para pedir ajuda no amor e nas finanças. Cada dia mais pessoas procuravam Oxum menina para pedir milagres. Por isso ela fugiu, mas sabia quem era. Tinha apenas quatorze anos quando ganhou o mundo para saber quem realmente era e do que realmente era capaz.
Não havia homem que resistisse, não havia mulher que não invejasse sua beleza. Ela tinha poderes que preferia manter em segredo. Já tinha ajudado muitas pessoas nos anos que esteve com sua avó. Queria viver livre como gente comum pelo tempo que lhe restava.
Quando a vizinha velha e sua neta foram visitar Madalena no hospital, os atendentes não sabiam informar seu paradeiro. Estava em coma e tinha desaparecido. Um mistério que levantou as suspeitas mundanas de sempre: tráfico de orgãos, tráfico de cadáveres para faculdades, livraram-se do corpo por que ela era pobre e não tinha família… Ninguém podia afirmar nada. Madalena simplesmente tinha desaparecido. E no dia em que a favela soube do fim de Madalena era um sábado. O samba foi triste, acabou logo. E durante a noite o barraco de Madalena incendiou, queimando qualquer vestígio de sua curta existência.

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Meninas assim que puder volto a dar atenção ao blog. Hoje sonhei que estava cantando vários pontos e acordei cantando um : "Iansã vem chegando, na palma da minha mão (isto pq ela irradia os raios por ali, é um chacra que existe no meio de nossa palma das mãos!), vem trazendo Oxum Menina, que nos dá a proteção!"

AMEI!

Hoje, no centro onde minha filha trabalha tem festa de Xangô, Ibeijada e mais tarde irei lá prestigiar e pegar uma energia muito gostosa pq eles só trabalham com as crianças nesta festa, nunca tem gira de Ibeijada! Fiquei muito feliz de ter sonhado com esta cantoria, rsrs e de ter acordado cantarolando... nem sabia que existia Oxum menina, mas ela deu um jeitinho de me sinalizar! Encontrei esta lenda na internet e achei muito interessante esta Oxum ser uma MADALENA, rsrs, nada mesmo é por acaso!! Enfim vamos que vamos, espero que todos tenham um final de semana abençoado!

5 comentários:

  1. Amo Oxum!!
    Queria muito ir a festa dos Eres, mas na minha cidade é impossivel. Minha familia (evangelica) iria me exorcizar, rs.
    Achei que fosse postar algo sobre as Crianças Espirituais.
    Amanha farei uma oferenda com muitos doces.
    Bom final de semana Rosa, e as ciganinhas do blog.
    Beijosss

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    Respostas
    1. Minha familia católica me exorcizaria também. Mais vou escondida kkkkkkk e além disso faço minhas oferendas no meu quarto e lá ninguém põe a mão, fecham a cara mais não podem fazer nada.

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    2. Aqui onde eu moro, tem mais Igreja Evangélica do que habitantes...rsrsrsrsr, mas encontrei um centro de Umbanda e estou amando, lugar de energia muito boa e amanha tem festa das crianças, estarei lá.
      Linda a lenda.
      Beijos e excelente fim de semana.

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    3. Rsrs...
      Meninas estamos no mesmo barco.!
      Libriana Amada, vc ainda consegue ir escondida, e fazer suas oferendas no quarto, eu nem isso, rs
      Para acender uma vela tenho que aproveitar quando estou sozinha em casa..
      Linda, na minha cidade tbm é assim, rs. Tem mais Igreja que residencia, rs.
      Beijo meninas :*

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