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domingo, 9 de março de 2025

SONHO COM OSSAIM

Já nem me recordo direito quando exatamente foi este sonho. Novembro de 2024? Acredito que sim.

Eu estava em uma espécie de galpão, pq era um lugar muito amplo e alto, mas era similar ao de cima, a construção era de barro, bem antiga. E estava tudo vazio. Eu caminhava e observava atentamente, admirada por um lugar assim tão grande e antigo ainda estar de pé. Não haviam janelas, só uns vãos próximos ao telhado, que era de madeira e sapé, mas havia um vão largo, sem porta, a esquerda da lateral, que era mais larga, a construção era em um formato retangular. 

Eu ia caminhando para a "porta" e conforme eu ia me aproximando, eu via uma pombagira vindo, aos poucos elas eram sete, mais um pouco, eram sete casais de Exú e Pombagiras. Por último vinha um homem, de calça verde e camisa branca larga, e era OSSAIM! Todos eles paravam a minha frente e como se tivessem vindo me auxiliar/socorrer, servir? Se apresentavam como se para "curar" as minhas necessidades.

O meu espanto foi grande pq ... estreitamento zero com Ossaim, se bem que.... nem tão zero assim pq acompanho pela internet somente, uma casa de Ossaim com a qual já sonhei duas vzs estar lá, mas não me animo de conhecer. Daí pensei: eu sou tão tinhosa que se eu não fui até Ossaim, ele veio até mim. GRATIDÃO!!

🌲🌲🌲🌲🌲🌲🌲

DIA: Quinta-feira.

CORES: Verde e Branco.

SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).

ELEMENTOS: Floresta e Plantas selvagens (Terra).

DOMÍNIOS: Medicina e Liturgia através das folhas.

SAUDAÇÃO: Ewé ó!

Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.

Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.

Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.

Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.

De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.

Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.

Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.

Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

Características dos filhos de Ossaim

Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais nas suas decisões.

São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas atividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.

Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por atividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.

UAU, me senti filha do próprio Ossaim por gostar tanto de estar só, vamos que vamos, tinha que deixar este sonho registrado aqui...

quinta-feira, 6 de março de 2025

OXUM OMINIBÚ


A feiticeira do fundo do Rio.

Iya Ominibú é um dos muitos nomes da Ayaba Osun.

Se diz muito de Ominibú mas na realidade se sabe pouco.

Ominibú não sai das águas.

Esta sempre no leito do Rio.

Está sempre na profundidade.

Muito velha e um tanto áspera, a Ayaba não gosta de ser incomodada.

Até ao se manifestar em sua Iyawo ela vem e não se demora a partir.

A agitação não agrada.

O fundo do rio é gelado, a correnteza passa pelo seu corpo lhe dando paz.

Ominibú gosta do lugar pacato.

Mas houve um dia que Ominibú teve de sair do rio.

Se conta que Olodumare soou o alarido, os tambores do Orun tocaram e os Orisa foram obrigados a se retirar do mundo.

Por um tempo nenhum Orisa esteve na terra.

Mas Ominibú conseguiu descer mais uma vez e então fez com que os homens aprendessem o grande ritual.

Ominibú foi quem ensinou a plantar o Orisa na cabeça da Iyawo.

Todo o povo de Osun se maravilhou com isto.

A Ayaba se manifestou na Iyawo.

O Orisa passou a descer em suas Iyawo e em seu Elegun.

Todos também se perguntaram como Ominibú soube realizar tais coisas.

Aquela que veio com as Iyamí Ajé sabe de todos os segredos da terra.

O corpo de Ominibú não pode mais tocar o Ayê, mas seu Asé contínua no fundo do Rio.

Ominibú é Osun fundamental.

Ominibú é senhora da navalha.

Não ha Omó Osun que não conheça Iya Ominibú.

Ore Yeye!

segunda-feira, 22 de abril de 2024

MAVAMBO

 

Mavambo é um Nkisi cultuado em muitos Candomblés Angola e Congo como guardião dos caminhos. Esse Nkisi é uma Divindade que gosta de andar, não fica por muito tempo parado, é um Nkisi que acompanha Nkosi nas estradas e florestas, esta envolvido com a paz, mas para que a paz reine na comunidade, ele tem que lutar contra o individuo obsessor que esta tirando a harmonia da comunidade.
 
Segundo alguns candomblecistas, Mavambo é conceituado como o senhor do barro, um conquistador. É acreditado ter-se originado dos sonhos de Nkosi quando em suas andanças, Nkosi parava para descansar, dormir, onde nasceu um montículo de barro por baixo da cabeça de Nkosi. Pela manhã ao cantar do galo três vezes, nesse mesmo monte, a cada dia surgia um Mavambo com o proposito de vigiar os caminhos dominados por Nkosi.

Mavambo foi fonte de estudos do Sergio Adolfo, mas não sendo muito feliz por conta da escarces de fontes bibliográficas, não encontramos nada em seus estudos relacionado ao Nkisi Mavambo. Mas pesquisando sobre os povos do grupo Ambó ou Ovambo, povo esse de origem Bantu, encontro na palavra Ovambo uma semelhança na fonética com a palavra Mavambo, mas a coincidência não para por ai, ela também adentra tanto pela historia desse povo quanto na historia do Kongo.  

O grupo Ambó ou Ovambo ocupa um extenso território ao sul de Angola. De acordo com CARLOS DUARTE, a origem do termo “Ambó” perdeu-se no tempo, mas, foram designados pelos Donga, os “Ova-Donga” (povos localizados a norte da Namíbia), que a forma correta do termo “Ambó” é “Ova-Mbo”, que foi sofrendo alterações até chegar a Ambó. Entre as suas populações, os Ambó da região da Angola, o subgrupo que mais se destaca, é o Kwanyama (Cuanhama) e o Kwamatwy (Cuamatui), pelo valor de guerreiros e pelo poder econômico adquirido. 

A família Ambó (Ova-Mbo), ou seja, os subgrupos do lado da Namíbia (antigo sudoeste africano) se encontram os Kwambi, Onga, Gandgela, Lolocktsy Gunda e Kwaluty; os do lado da Angola encontram os Kwamatwy, Dombola, Evale, Kwanyama e Kafima.

Mesmo que o grupo Ovambo seja descartado por muitos leitores, como origem da palavra Mavambo ou sendo os povos que cultuaram a Divindade Mavambo, decidimos prolongar, acrescentamos a palavras MAVU, cujo significado é barro ou terra, que encontramos no Dicionário Kimbundu-Português da Fatima Katulembe, como uma das origens. Pois essa palavra é facilmente encontrada nas Mimbu desse Nkisi.
A palavra Mavambo, como pode observar a sua fonética, é muito próxima da palavra Ovambo do grupo Ambó ou Ova-Mbo. E decidimos analisar se sua origem também possível encontrar na cultura Kongo e estudarmos a origem da palavra Mavambo nesse território de linguagem totalmente diferente as do povo Ova-Mbo, cuja linguagem é o Kikongo, para chegarmos á uma conclusão, se descartamos ou não, o conceito de Ova-Mbo ser uma das principais origens da palavra Mavambo.

No Reino do Kongo, é encontrado títulos de chefes, eles são Mani, Ntotila, Mwene e Ntinu, mas aqui focaremos apenas no titulo Mani como proposito de nossas pesquisas.

Segundo Patrício Batsikama “no pensamento Kôngo, o Senhor de Mbânza- Kôngo é, antes de mais, um chefe, representante dos Ancestrais e eleitos pelos Makôtas mais velhos” (2010: p;106,107).

De acordo com Batsikama, MANI deriva de:
mânika: estender, pôr no teto, pôr cima ou expor algo a vista (dos clientes, por exemplo); mânina: findar, esgotar; mânisa: terminar, acabar uma obra, acabar completamente uma obra.

O titulo Mani indica que o seu portador é um chefe, uma pessoa indicada a resolver os problemas jurídicos da comunidade ou qualquer outro problema dos cidadãos da comunidade e representante dos ancestrais que são um dos principais governante da comunidade.

De acordo com Jan Van Wing (citado por Patrício Batsikama) escreve no seu livro Etudes Bakongo I que, até no século XIX, os Ambundu vinham resolver os problemas jurídicas e/ou outras discussões em Mbâzi’a Nkânu, a capital do NTÔTIL’A KONGO (2010: 107). 

No Kongo é comum ajustar as partículas MA de MANI ou NE de MWENE, ao nome da aldeia com o proposito de se conhecer o responsável pelo território. Como por exemplo: Mani-Soyo, Mani-Mpumbu, Mani-Kongo e etc.

Segundo Itana Mutarere, fez um resumo (na integra) de suas pesquisas sobre Mani Njila e Mani Kongo, contidas no livro do Tata Nkasuté, Estudos da Mitologia Bantu, pág 34 a 36.

“MANI NJILA – Senhores dos Caminhos. No Reino de Matamba e nas regiões próximas, quando os grupos viajavam em busca de caça ou melhor habitat, dois Chefes eram designados para cada grupo. Um seguia na frente ( o Mussenga) e o outro na retaguarda (o Kikinda); ambos levavam pós, ervas, amuletos, com os quais encantavam as feras protegendo o grupo. Tinham como hábito religioso fazer colares de ovos de perdiz, os quais eram confeccionados sob grande feitiço para lhes aumentar a coragem. Aquele que encontrava um coelho, uma lebre, uma codorniz, ou qualquer outro animal tímido no caminho, era promovido naquela campanha. Além disso, podia usar um tapa-sexo confeccionado com o couro do animal e enfeitar-se com as penas. Suas armas mais poderosas eram o feitiço, venenos nas setas de suas flechas, alfanjes, facas e lanças de ferro.

KONGO NJILA – títulos reservado aos grandes guerreiros do Kongo. apresentavam-se nus, porém os mais aguerridos usavam peles das feras que dominavam e enfeitavam-se com lindas penas de aves de bom augúrio. Muitos eram horrivelmente deformados e pintados. Suas armas eram: arco e flexas, espadas, facas, alfanjes de ferro ou madeira e grandes escudos. A destreza na luta, a disciplina e extrema coragem garantiam a proteção do Mani-Congo”.

Como podemos observar nos parágrafos referentes ao titulo de MANI, no Reino do Kongo, nos leva a uma porcentagem maior do povo Ova-Mbo ser uma das origens do Nkisi Mavambo, principalmente o paragrafo explicando o ajustamento das partículas MA de MANI, onde podemos observar essa partícula ajustada na palavra Mavambo, e os parágrafos resumidos pela Itana Mutarere sobre Mani Njila e Kongo Njila, que fortificou mais a sua origem.

Mavambo = Ma-Vambo = Mani-Vambo = Ova-Mbo = O Senhor do Caminho que liga os povos Ova-Mbo aos povos do Kongo, ou seja, o Senhor do Caminho que liga Angola a região Kongo.

Mavambo é conceituado um Nkisi dos caminhos, guardião das aldeias e caminhos, com forte ligação com os Ancestrais e Antepassados, está ligado ao fogo, ao barro, a terra, principalmente com Mukumbi. Também é detentor do poder jurídico, da guerra e da caça.

A MATÉRIA VEIO DAQUI:

http://alaketuode2.blogspot.com/2015/11/mavambo-o-grande-guardiao.html

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

PEREGUN - A ERVA SAGRADA

PÈRÈGÚN, AQUELE QUE CHAMA O TRANSE

PÈRÈGÚN, erva gún, uma das folhas mais antigas é o “Pèrègún”, que é utilizada na grande maioria dos rituais aos Òrìsás. Diz o mito: Pèrègún presenciou o crescimento da humanidade. Sempre há de nos trazer a sorte. Pèrègún segura nossa sorte, segura a sua presa no dia de caça… E assim… Alimenta os seus filhos. Pèrègún nos protege de nossos opositores… E faz com que nos harmonizemos com os nossos semelhantes… Pèrègún fez pacto com “Aje” para a sua vinda à Àiyé ( Terra ou o mundo físico, paralelo ao orun )… Ifá dissera, quando Pèrègún o procurava pela sorte Pèrègún, se você quiser ter sorte, deverá ajudar a humanidade, fazendo um pacto com “Aje”, para poder sempre ter e poder emanar sorte, para quem lhe procurar por sua ajuda. Foi então, que Pèrègún tinha feito pacto com “Aje” antes de vir ao mundo, mas não tinha quem o pudesse levar para Àiyé. Novamente foi a Ifá, e este dissera: Pèrègún se você quiser realizar o seu trabalho em Àiyé procure por “Ògún”, pois ele sempre está indo para Àiyé. Pèrègún procurou por “Ògún”, mas ele só levaria Pèrègún, se ele dividisse a sua sorte com ele. Foi então que Pèrègún tinha aceitado, e por essa razão “Ògún” lhe dissera: “Vou dizer a toda humanidade, que Pèrègún emana a sorte, e quem com ele ficar será agraciado com a mesma”. Desde e Pèrègún então foi conhecido, e muito procurado por todos em Àiyé.
Pèrègún alára gígún o
Pèrègún alára gígún o
Oba kò ní jé o roró okán
Pèrègún alára gígún o
Pèrègún gbà agbára tuntun
Pèrègún tem o corpo excitado
Pèrègún tem o corpo excitado
Rei não deixa ter problemas de coração
Pèrègún tem o corpo excitado
Pèrègún dá nova força
PÈRÈGÚN NÍ Í PE IRÚNMOLÈ L’ÁT’ÒDE ÒRUN W’ÁYÉ! (É Pèrègún que chama os espíritos do além para a terra!)
PÈRÈGÚN WÁ LO RÈÉ PE AJÉ TÈMI WÁ L’ÁT’ÒDE ÒRUN! (Pèrègún, agora vá e chame minhas riquezas do além!)
GUNFAREMIN
Nesta preparação encontramos referência a uma folha, conhecida pela maioria de nós: o Pèrègún, cujo nome é a contração do verbo “PÈ”, que significa chamar, com a palavra “EGÚN”, que significa espírito, ancestral, etc. Percebe-se então que esta folha tem a finalidade de “chamar (invocar) espíritos”, e que a própria pronúncia de seu nome já funciona como um ofò!. A sabedoria daqueles nossos ancestrais yorubanos que a elaboraram fez esse trocadilho: se Pèrègún pode chamar espíritos, pode chamar a riqueza!
Para algumas pessoas, principalmente para aquelas que não estão ligadas aos cultos de matriz africana, pode parecer um tanto “primitivo” pensar dessa maneira, digo, esperar resultados a partir da utilização de certas plantas, de sementes, etc., enfim de elementos da natureza, aparentemente inanimados. No entanto, repetimos, existe por traz da utilização desses elementos uma questão cultural. Eles se utilizam desses elementos da natureza acreditando que eles expressam as suas necessidades perante o “Criador”, o destino final de seus pedidos: “…Uma composição mágica parece ser considerada como uma coleção de coisas materiais, às quais é dado um valor simbólico; juntas constituem uma mensagem…”
TEXTO: Trecho do Livro Ewé, Pierre Verger, 1995

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EU conheci o peregun através de um sonho, muitos anos atrás!!
Na verdade, mesmo depois do sonho, eu ainda não conhecia, mas passei o recado. No sonho, uma tia minha, que na época era recem falecida, me pedia para dar o recado a filha dela, de limpar a casa e tomar banho de peregun, ela e o marido. Eu dei o recado, mas acho que eles não fizeram, minha participação especial era somente dar o recado.

Um ano atrás mais ou menos, esta mesma prima estava com um problema sério de depressão (na verdade foi um familiar perto dela) e eu escutei: passe banho de peregun.

Aí que fui pesquisar um pouco mais do uso da folha. Pq foi a SEGUNDA vez que veio o mesmo recado na direção dela. E recomendei o banho com o peregun verde contra espíritos obsessores e ela fez exatamente como indiquei e o resultado foi excelente.

Daí, AGORA, aqui no meu quintalzão abençoado, tem as três variedades de PEREGUN! (Oh benção!)

VAMOS APRENDER UM POUCO MAIS SOBRE ELES?

Uso espiritual e mágico do peregun!

Orixá:

  • Peregun verde: Ogum, Oxóssi.
  • Peregun verde-e-amarelo: Ogum, Oxóssi, Iansã.
  • Peregun vermelho/ roxo: Exu, Xangô, Iansã, Obaluaiê, Nanã.


Outros nomes populares: Dracena, coqueiro de vênus, pau d´água, Dragoeiro, Dracena-deremenis, Cana-agna, Cana-índia, Tronco-do-brasil, Pau-do-brasil, Peregum, iperegum.

Nome yorubá:

  • Peregun verde: Pèrègún (“chama o transe”).
  • Peregun verde-e-amarelo: Pèrègún kó ou funfun
  • Peregun vermelho/ roxo: NA


Nome científico:

  • Peregun verde: Dracaena Fragans.
  • Peregun verde-e-amarelo: Dracaena Fragans var. Massangeana L., Liliaceae.
  • Peregun vermelho/ roxo: NA.


Elemento:

  • Peregun verde: Terra.
  • Peregun verde-e-amarelo: Terra.
  • Peregun vermelho/ roxo: Terra.


Classificação:

  • Peregun verde: Quente ou fria, a depender do autor.
  • Peregun verde-e-amarelo: Quente ou fria, a depender do autor.
  • Peregun vermelho/ roxo: Quente.

PEREGUN VERDE

É a principal folha do orixá Ogum. Em banhos, defumações e bate-folhas, é usada para limpeza espiritual, abertura de caminhos, prosperidade, crescimento e saúde. Excelente para proteger contra espíritos obsessores.

O peregun pode ser usado para demarcar espaços sagrados, como cerca-viva, a fim de oferecer proteção. É comum plantá-lo ao redor da casa de Ogum e usar suas folhas para enfeitar o seu assentamento. Ou colocar oferendas deste orixá no seu pé.

No candomblé, é também a primeira folha a entrar na composição do banho de abô. E participa dos rituais de feitura-de-santo. Também pode ser usado para lavar os objetos ritualísticos dos orixás a que é ligada.

PEREGUN VERDE E AMARELO

Tudo o que foi dito a respeito do peregun verde é aplicado ao peregun verde-e-amarelo. A diferença é que essa planta é ligada também a Iansã, além de Ogum e Oxóssi. Na maior parte dos casos, uma folha pode ser usada no lugar da outra.

PEREGUN ROXO

Sendo uma folha ligada a orixás como Exu, Obaluaiê, Nanã, Xangô e Iansã, o peregun roxo é muito usado para banhos e bate-folhas para espantar espíritos obsessores. Muito bom para o combate a energias deixadas por demandas pesadas. É usada para lavar os instrumentos rituais dos orixás a que essa folha é consagrada.

COMO FAZER O BANHO:

A erva PEREGUN é um excelente banho de descarrego.

Eu uso conforme intuição, cortando em sete como o banho que faço com a espada de OGUM:
https://www.youtube.com/watch?v=OB5MbZHrwdA

É indicado para afastar maldição, contra obsessores, desagregar larvas astrais, descarrego.

O caso que indiquei, foi para que a pessoa tomasse durante sete segundas feiras seguidas e antes destes sete dias ela se levantou da cama, fiz junto um trabalho de descarrego para a casa dela. Ela estava depressiva que não levantava da cama para nada, mas graças à Deus e aos Orixás, e ao pouco conhecimento que pude passar, que de verdade todos nós podemos ter e nos utilizar, (basta pesquisar e fazer uso consciente), ela se curou rapidamente.


Preparando meu banho de peregun verde/amarelo de hoje, coloquei neste copo transparente só para vcs visualizarem, pq se eu deixar o copo vai derreter neste mega calor! Troquei ele para uma outra vasilha e vou deixar a agua ferver no sol para depois utilizar.

domingo, 7 de maio de 2023

YEMANJÁ GANHA UM OFÁ DE OXÓSSI



ITÃ DE IEMANJÁ E OXÓSSI
O que é itã no candomblé?
Itã (em iorubá: ìtan), são os relatos míticos (lendas), da cultura iorubá.
Oduduwa, o rei de Ilê Ifé e pai de Ogum gostava muito de comer codornas, Oxóssi era amigo de Ogum e então prometeu trazer muitas codornas para agradar Oduduwa.

Na mata por três vezes ele capturou codornas e as colocou em gaiolas, mas as três vezes alguém abriu as gaiolas e deixou as codornas escaparem e Oxóssi ficava cada vez mais irritado. Na quarta vez Oxóssi vigiou as gaiolas e ai sim pode levar as aves para Ifé.

Oduduwa ficou estarrecido de tanta felicidade! E então ele bateu seu cajado no chão e disse: EM NOME DE OLORUM EU LHE CONCEDO UM DESEJO. PEÇA O QUE QUISER! Oxóssi pensou no aborrecimento que havia passado nos últimos dias, então ele apontou seu arco e flecha para o céu e disse: DESEJO QUE ESTA FLECHA ATRAVESSE O CORAÇÃO DE QUEM ROUBOU AS PRIMEIRAS CODORNAS!

Nesse momento a Rainha Yemú, esposa de Oduduwa recebeu uma flechada no peito e caiu morta! Yemú tinha pena das pequeninas codornas e por isso ela havia libertado as pombinhas que Oxóssi havia prendido. Oduduwa viu sua amada esposa ali morta, e tomado pelo Ódio ele sentenciou Oxóssi a morte.

Oxóssi correu o máximo que pôde, foram dias fugindo até que ele chegou próximo ao um grande rio, e na beira dele ele viu Iemanjá, sua amiga. Ele contou o que havia ocorrido, e então Iemanjá resolveu esconder Oxóssi no fundo do rio por alguns dias até que Oduduwa de acalmasse. Iemanjá era irmã de Yemú e mesmo que ela estivesse triste ela sabia que Oxóssi não teve intenção de ferir a Rainha, ele não sabia de nada. Iemanjá deu a Oxóssi o dom de respirar de baixo d’água, e ele ficou sob sua proteção por muito tempo, mas chegou o dia de ir enfrentar Oduduwa, e Iemanjá foi com Oxossi para Ilê Ifé ter uma audiência com o rei.

Eles foram recebidos por Oduduwa, Ogum e todos os membros da família real. Iemanjá pediu a Oxossi que ele deixasse ela falar por ele, e assim foi, diante de todos ela se levantou e com um tom de voz firme ela se pôs a falar: “Saudo Oduduwa rei de Ifé e Ogum rei de Irê. Eu sou Iemanjá, filha de Olokun, irmã de Yemowô e da falecida Yemú. Senti toda a tristeza ao saber do falecimento de minha irmã, mas vi que sua morte foi um acidente, Oxóssi não entrou nesta casa para trazer tristezas. Perdoe Oxóssi eu lhe rogo Oduduwa! Yemú minha irmã também reconheceria a inocência de Oxóssi!

Oduduwa disse: “Yemoja Rainha de Egbado, a honrada Yemú foi a mulher que escolhi para ser minha rainha e Oxóssi a tirou de mim. Me mostre que Yemú o perdoa e eu o perdoarei. ”

Iemanjá pediu que lhes mostrassem o túmulo de Yemú, e então a guiaram até o jardim do palácio. Iemanjá se abaixou na terra e rezou a reza que os filhas de Olokun sabem rezar. O túmulo de Yemú cedeu e se transformou em um buraco muito fundo. Iemanjá pediu que lhe dessem uma corda e uma Cabaça, e então ela disse “Yemú mostre se Oxossi é inocente ou não”. Em seguida atirou a cabaça no fundo do buraco e ao levantar a cabaça ela estava cheia de água! Yemú havia se transformado em um poço. E a água que ela deu a Oxóssi foi o que mostrou que ele era inocente. Oduduwa então disse a Oxóssi: PELA INJUSTIÇA QUE EU IRIA COMETER AO LHE SENTENCIAR A MORTE, EU LHE CONCEDO MAIS UM DESEJO. PEÇA QUALQUER COISA… Oxóssi então disse: Por toda a gratidão que tenho por Iemanjá ter salvo a minha vida eu desejo dividir minha sabedoria com ela, lhe dou meu Ofá (arco e Flechas) e lhe ensinarei a caçar, e a partir de hoje eu troco meus colares azuis escuros pelos colares claros da cor das roupas de Iemanjá. Então Oduduwa disse “Asé”, e até hoje Iemanjá Asesun carrega o Ofá de Odé e dizem que ela não o usa na caça e sim na GUERRA!

CALENDÁRIO DAS MAGIAS DE SETEMBRO DE 2025

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