Defumação é um processo ativo de exercício de mediunidade e por isso deve ser tratado com muito cuidado.
Todo local onde se vive, seja um templo, sua casa ou local de trabalho, pode e deve ser defumado.
A Casa onde se mora principalmente, ainda mais se se é uma pessoa que trabalha com a espiritualidade do santo, e que mantém em casa suas firmezas ou mesmo os seus instrumentos litúrgicos.
Todo mundo que tem “luz” própria ou que tem em si ou sua casa um local de concentração de energia, acaba sendo um atrativo para as inúmeras almas perdidas que existem vagando pela terra. Assim, ao defumarmos, nem sempre estamos tratando de afastar demandas contra nós, mas também de manter o equilíbrio de nossa própria casa.
Qualquer pessoa com ou sem uma mediunidade ativa, pode perceber quando ha uma alteração no ambiente e nesses casos deve se recorrer a uma defumação. No caso de terreiros e casas de santo, onde tudo isso é mais grave ainda, ou melhor mais intenso, o início de cada sessão de trabalho deve ser precedido de uma defumação.
Considero que defumar não é um processo formal ou ordinário e sim uma liturgia e quem defuma algum lugar sempre deve se preparar porque vai estar absorvendo também as energias negativas do lugar, como um para-raio, ou um “aspirador de pó”.
Desta forma para executar essa liturgia é necessário alguma maturidade na magia, conhecimento e também procedimentos de preparação e auto-limpeza que para quem faz vai mais além do que o ato de defumar.
Em termos da maturidade na magia significa uma sintonia com os mestres e entidades que trabalham junto com ele. O conhecimento diz respeito ao método de fazer e elementos a serem utilizados tanto no defumador ou defumadores como também em procedimentos complementares.
Em termos de finalidade, o processo de defumação pode ser feito para retirar, ou seja queimar, a energia ruim como também preencher com energia boa. Geralmente quando se encontra um ambiente carregado usa-se um ou mais defumadores de limpeza, que irão “queimar” ou esterilizar as energia ruins.
Depois do ambiente ruim faz-se uma nova defumação com um outro defumador “doce” que irá preencher o ambiente com a energia que se quer deixar evitando assim um vazio que é a oportunidade para coisas indesejadas ou mesmo um ambiente estéril e que não traga conforto aos ocupantes do lugar.
No caso de terreiros ou casas de trabalho é similar. É comum se defumar mais de uma vez ao longo do dia de maneira a garantir a limpeza astral do lugar. No início de trabalhos com determinadas linhas, como a do povo cigano ou do oriente, pode-se passar um defumador “doce” com a finalidade de atrair e facilitar as energias destas entidades. No catimbó o cachimbo é também um instrumento de defumação e preparação do ambiente. Pode-se usar fumos com ervas de limpeza para limpar a seção, como também pode-se colocar misturas “doces” para facilitar ou chamar a incorporação.
Os defumadores devem ter fórmulas adequadas a cada finalidade. Um pessoa experiente sabe fazer os seus e pode ter vários que são usados conforme o caso e, que combinam as ervas mais adequadas e as ervas que fazem parte do seu fundamento e de suas entidades, porque como eu disse a gente nunca faz isso sozinho.
Os defumadores devem ter fórmulas adequadas a cada finalidade. Um pessoa experiente sabe fazer os seus e pode ter vários que são usados conforme o caso e, que combinam as ervas mais adequadas e as ervas que fazem parte do seu fundamento e de suas entidades, porque como eu disse a gente nunca faz isso sozinho.
Um exemplo de protocolo de limpeza para defumar uma casa carregada e com presença de eguns, pode-se iniciar usando um primeiro defumador somente com saco-saco, ou na falta deste com palha-de-cana ou de bambu. Estes elementos são recomendados para se defumar dentro de casa, mas deve-se retirar as pessoas antes. Quando se vai defumar um local onde não moram pessoas ou o terreno de uma casa pode-se usar receitas como a seguinte:
- Palha de alho.
- Palha de cebola.
- Raspa de chifre de boi.
- Noz moscada.
- Assa-fétida.
- Folha de café,
- Grão de café torrado.
- Palha de cebola.
- Raspa de chifre de boi.
- Noz moscada.
- Assa-fétida.
- Folha de café,
- Grão de café torrado.
O alho é um elemento bom, mas pode ser contra axé de alguém da casa. Da mesma forma como a arruda. Assim os elementos que despertam kizilas devem ser usados com cuidado. A composição dos defumadores é um conhecimento que deve ser desenvolvido e aprendido. Eu não gosto daqueles defumadores de loja, mas em muitos casos podem ser usados como solução emergencial.
Para o segundo defumador de limpeza pode-se usar uma mistura como a seguinte:
- Alfazema;
- Erva doce;
- Alecrim;
- Salsaparrilha;
- Salvia;
- cravo.
- Erva doce;
- Alecrim;
- Salsaparrilha;
- Salvia;
- cravo.
O processo de defumação começa pelo portão onde a gente deve fazer nossas firmezas. Passa-se o primeiro defumador de limpeza.
Adicionalmente, pode-se fazer isso acompanhado de uma pessoa que vai atrás da gente com uma quartinha de barro com Água,cruzando os cômodos com a gente. Ao fim, coloca-se os restos do defumador na rua e se joga a Água da quartinha em cima para apagar. Depois bate-se folhas nas paredes, (erva prata, arrufa, guiné, peregun, e outras). Passa-se o mesmo (ou outro) defumador pelo terreno, cruzando e fazendo o perímetro da casa. Passa-se o segundo defumador de limpeza, jogando as cinzas na rua.
Adicionalmente, pode-se fazer isso acompanhado de uma pessoa que vai atrás da gente com uma quartinha de barro com Água,cruzando os cômodos com a gente. Ao fim, coloca-se os restos do defumador na rua e se joga a Água da quartinha em cima para apagar. Depois bate-se folhas nas paredes, (erva prata, arrufa, guiné, peregun, e outras). Passa-se o mesmo (ou outro) defumador pelo terreno, cruzando e fazendo o perímetro da casa. Passa-se o segundo defumador de limpeza, jogando as cinzas na rua.
Por fim, passa-se o defumador “doce” para alimentar o ambiente com nossa energia, sendo que se pode colocar ao fim alguma oferenda dentro de casa para estes espíritos bons.
Como parte da ultima etapa, pode-se jogar canjica cozida e fria no telhado e soprar na porta e terreno um atim feito de farinha de àkàsà e olho-de-boi que deve ser quebrado e moído até ficar um pós fino. Como o olho-de-boi é muito duro deve se ir quebrando-o até virar um pó branco. Faz-se assim, coloca-se um pouco da mistura na palma da mão direita e se sopra esta quantidade (formando uma pequena nuvem) nas portas e nos cantos.
Outra prática com muito resultado é jogar uma mistura de água e sal, nas soleiras de portas e janelas, vai se jogando e rezando
para se fechar aqueles acessos para o mal. Existe também outra mistura que se faz com waji (um pó bem azul) e folhas de louro (a idade da pessoa +1).
para se fechar aqueles acessos para o mal. Existe também outra mistura que se faz com waji (um pó bem azul) e folhas de louro (a idade da pessoa +1).
Neste casos primeiro se ferve a Água, desliga o fogo, coloca as folhas de louro e abafa. Quando estiver frio coloca-se o waji. Joga-se isso nas soleiras das portas e portões.
Eu sempre recomendo que as pessoas da casa tomem um banho de erva (que deve ser preparado antes do início) depois do processo.
Para poder passar isso tudo é bom ter uma boa quantidade de carvão em brasa e ter vários turíbulos, eu gosto dos de barro. Para que não se use o mesmo turíbulo com defumadores diferentes e no caso de ambientes grande não se fique com muita cinza de defumador, o que acaba deixando um cheiro de fumaça no ambiente ao invés do cheiro de defumador. Um bom defumador é tão bom quanto acender uma vareta de incenso.
Lembre-se que nem sempre deve-se usar isso tudo. Uma defumação regular pode ser feita apenas com o defumador doce. Uma outra um pouco mais convencional, com o defumador de limpeza (principalmente pelo terreno) e pelo doce. Fumar o cachimbo pela casa toda e depois jogar fumaça ao contrário pela porta a fora é também um excelente defumador regular.
Concentração é um elemento muito importante neste trabalho. Assim deve-se rezar antes de inicia-lo pedindo a proteção dos seus mestres, deve cantar durante e deve-se encerrar com uma reza ou cantiga de agradecimento ou fechamento.
Enfim, a defumação é um processo litúrgico complexo e que é mais do que acender um “divino” num turibulo de alumínio.
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