AMOR E ÓDIO

Resolvi postar sobre isto para dividir e relatar uma experiência.

Eu raramente saio dos eixos, para me tirar do sério eu costumo dizer que seria preciso o teto desabar ou eu estar no meio de um tsunami.

Ontem aconteceu um fato curioso e eu mesma fiquei me observando.

Aconteceu sim um tsunami de emoções. 

Fiz a mão de cera de Xangô, graças a Deus com uma energia ótima e foi providencial e agradeci muito por isto. Mas logo após eu iria fazer o ajebó individual para mim e para fortalecer a energia com ele, Xangô. Só que neste meio tempo o traste me ligou e eu fiz a besteira de atender, eu sei que não devo e não costumo atender nem sair do foco e principalmente ele, eu não deveria atender, mas atendi.... não sei como nem pq, uma vez que eu já estou acostumada a todo tipo de idiotice do traste, mas acabei me desentendendo com ele e mandei ele pastar. Mas também isto eu já fiz por diversas vzs, sem no entanto me abalar.... só que ontem me deu um ódio do traste, mas um sentimento tão ruim, tão intenso, que não foi uma emoção, foi um sentimento, daqueles que se ele estivesse na minha frente eu acho que matava, rs. E foi algo mais forte do que eu, pq eu diagnostiquei o desequilíbrio mas não pude conter nem controlar. Como eu ainda teria que fazer o ajebó seguinte, não teve jeito, eu canalizei toda aquele ódio e mudei meu propósito... cortei os quiabos como quem estava cortando todas as mentiras e negatividades do traste e fui pedindo o tempo todo a Xangô justiça no sentido que nenhuma das mentiras e diversas falcatruas do traste ficassem em branco, que ele já havia me mostrado tantas vzs um caminho e que eu sendo filha dele não era justo que algo pudesse me atingir da forma que aquele ódio me atingiu e que nada pudesse ser feito. Eu iria fazer o ajebó com o mesmo intuito, prosperidade, mas joguei uma foto do traste dentro e meu ódio foi tanto que bati tanto que formou uma espuma grossa e eu ainda mentalizava que meu ódio e seu ódio sejam um só Xangô e que a justiça divina se manifeste sobre este ser e que ele pague tudo que ele faz, mentindo e roubando a tantas, que está espuma seja como a minha mente espumando de ódio... no final eu conversei muito com Xangô e pedi perdão por manifestar sentimento tão contrário a tudo que me liga e lembra ele e sua manifestação, que ele para mim é só amor e luz e que eu não gostaria que aquilo tivesse acontecido, mas foi mais forte do que eu. Não consegui conter e muito menos controlar... e sendo assim, usei as armas que eu tinha na hora... que foram estas. Mas fiquei muito impressionada, por ter me desestabilizado tanto, fiquei curiosa, óbvio que eu sabia que foi algo vindo dele, e que provavelmente não só dele, mas das terceiras, mas não consegui embarreirar...

Custei a desfazer aquela sintonia pesada e só fui me acalmando depois de tomar um banho e rezar bastante para que saísse aquele ranço, mas fui pesquisar sobre o ódio pq foi uma coisa muito intensa que eu não gostei de ter sentido.

Como o ódio carrega tanta energia ou senão mais do que o amor, pelo menos, como sempre, eu aproveitei tudo o que eu tinha no momento.

Mas fui mais além e digitei na pesquisa ódio e Xangô, pq eu senti energia também espiritual, tanto quando fiz a mão de cera, quando também quando eu fiz a pasta do ódio, só que nesta última eu senti uma pessoa com a cara amarrada e com "muito" ódio, realmente senti que o ódio foi canalizado ali... lembrei de um sonho que eu havia tido com Xangô em que ele batia com tanta fúria contra o chão... que parecia que toda a terra ia se abrir.... canalizei também aquela energia... depois que passou a fúria extrema eu me arrependi, mas já estava feito e eu não queria, mais uma vez, estar na pele do traste...

Achei uma história de Xangô que acabou me acalmando um pouco mais e não sei mas pode ser que aquela minha ira tenha sido providencial....

Xangô era Rei de Oió, o mais temido e respeitado de todos os Reis. Mesmo assim, um dia seu reino foi atacado por uma grande quantidade de guerreiros que invadiram a cidade violentamente, destruindo tudo e matando soldados e moradores numa tremenda fúria assassina. Xangô reagiu e lutou bravamente durante semanas. Um dia, porém, percebeu que a guerra tornara-se um caminho sem volta. Já havia perdido muitos soldados e a única saída seria entregar sua coroa aos inimigos. Resolveu então procurar por Orunmilá e pedir-lhe um conselho para evitar a derrota quase certa. O adivinho mandou que ele subisse uma pedreira e lá aguardasse, pois receberia do céu a iluminação do que deveria ser feito. Xangô subiu e quando estava no ponto mais alto do terreno foi tomado de extrema fúria. Pegando seu oxê, (machado de duas lâminas), começou a quebrar as pedras com grande violência. Estas ao serem quebradas. Lançavam raios tão fortes que em instantes transformaram-se em enormes línguas de fogo que, espalhando-se pela cidade, mataram uma grande quantidade de guerreiros inimigos. Os que restaram, apavorados, procuraram os soldados de Xangô e renderam-se imediatamente pedindo clemencia. Levados até o rei, os presos elegeram um emissário para servir-lhes de porta voz.
O homem escolhido foi logo se atirando aos pés de Xangô. Desculpou-se, pedindo perdão. Humilhando-se, explicou que lutavam, não por vontade própria e sim forçados por um monarca, vizinho de Oió, que tinha um grande ódio de Xangô e os martirizava impiedosamente. Xangô, altamente perspicaz, enxergou nos olhos do guerreiro que ele falava a verdade e perdoou a todos, aceitando-os como súditos de seu reino. Assim tornou-se conhecido como o orixá justiceiro que perdoa quando de frente com a verdade mas que queima com seus raios os mentirosos e delinquentes.

Eu quis postar isto aqui para dividir e para exemplificar como mesmo querendo nos domar sempre e inteiramente, como algo pode nos desestabilizar... e justamente para dar o exemplo do que não deve ser feito, temos que ser maior do que este sentimento, não acho que foi certo nem que foi bom o que eu realizei, mas está feito.