A palavra "Simiromba", ao pé da letra, significa "Frade", e serve para designar aquele que é considerado o "Frade da Umbanda" ou, ainda, o primeiro e mais importante "Mensageiro de Oxalá", sincretizado com São Francisco de Assis.
Os chamados "Mensageiros de Oxalá" atuam de forma semelhante a "ministros de Oxalá", coordenando falanges de trabalhadores dentro da faixa vibratória irradiada através do raio branco (ver "A Doutrina dos Sete Raios").
Cada falange é, portanto, comandada por um Mensageiro de Oxalá, e é populada por outros espíritos também de altíssimo nível consciencial, aos quais chamamos "Falangeiros de Oxalá". Esses espíritos - os falangeiros -, devido ao seu nível consciencial, são capacitados a representar dentro dos trabalhos umbandistas as vibrações mais sutis de Paz, Espiritualidade e Fé emanadas de Oxalá.
Em cerimônias religiosas umbandistas, nas quais é invocada a manifestação de Oxalá, pode ocorrer a incorporação desses falangeiros, esclarecendo a questão tão debatida sobre a possibilidade ou não da "incorporação de Oxalá na Umbanda". A CENTELHA DIVINA entende não ser possível a incorporação nem de Oxalá e nem de qualquer outro Orixá, já que "Orixá" é parte de Deus, imanência divina do Criador, impossível de ser "encaixada" em forma perispiritual simplória como a nossa. Em seu lugar, contudo, e representando sua força e vibrações, incorporam os seus Falangeiros, assumindo postura e aparência do Orixá representado.
Simiromba era muito conhecido nas primeiras décadas de Umbanda em solo brasileiro, havendo muitos terreiros que o cultuavam e que tinham sessões específicas para a manifestação tanto dos Mensageiros quanto dos Falangeiros de Oxalá. Atualmente, o conhecimento sobre esta falange de trabalhos restringe-se a alguns poucos terreiros e círculos iniciáticos, como a fraternidade do "Vale do Amanhecer" - segmento espiritualista fundado por Tia Neiva no Planalto Central sob a orientação de "Pai Seta Branca" - e A CENTELHA DIVINA, organização umbandista que tem em Simiromba a figura de seu patrono espiritual.
Atualmente, algumas pessoas tem se interessado em resgatar a memória dessa grande entidade umbandista. Dessa forma, já é possível encontrar na internet algumas considerações a seu respeito. Reproduzimos abaixo trechos de um texto encontrado em diversos sites de Umbanda, e que vale a pena ser lido, para se entender melhor a figura de Simiromba.
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SÃO FRANCISCO DE ASSIS E A UMBANDA DE SIMIROMBA
"... No início do século passado havia uma Linha de Umbanda que era chefiada pelo nosso São Chico. Há registros em livros e inclusive conhecimento passado por pessoas mais antigas que conheceram os trabalhos de cura e de desobsessão nesta linha da Umbanda chamada de Linha Simiromba, que etimologicamente quer dizer Frade. Também conhecida como Linha dos Monges ou Linha de São Francisco de Assis. Nessa linha trabalham padres, freiras, monges e utilizam cânticos da Igreja e outras formas bem Católicas de trabalhar, misturados com uma mística medieval.
Com o passar do tempo essa linha foi sendo deixada de lado e o que se encontra hoje são referências místicas e esotéricas como as do "Vale do Amanhecer" (Tia Neiva mentora física e hoje também espiritual). Cabe aqui explicar que Francisco de Assis nesta linha de trabalho é conhecido como Pai Seta Branca, que é o líder da doutrina do Vale e, segundo Tia Neiva, em uma das vidas passadas Francisco viveu como um indígena, próximo ao Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia. Por isso a caracterização indígena e o nome Seta Branca, que também é conhecido como Simiromba de Deus ou Simiromba do Grande Oriente de Oxalá.
A Linha de Simiromba dentro do sincretismo afro-católico, seria uma Linha de Trabalho ligada a Oxalá (onde inclusive trabalham diversos outros santos da linha católica) e tida como de cura, desobsessão, retirada de elementos negativos.
O trabalho era feito com rezas, velas, incenso, e trajes característicos (hábito de monje e de freira), e tinha toda uma mística esotérica envolvida. Talvez por isso tenham começado a atuar mais no Vale do Amanhecer. Creio, particularmente, que também isso se deu devido a outras linhas de trabalhadores, como os Pretos Velhos, Exus, Erês (crianças), os próprios Orixás e seus Falangeiros, terem assumido, digamos assim, a limpeza dos “trabalhos sujos”.
Só lembrando que existiam e parece que ainda existem, mas bem pouco difundido, algumas casas de Umbanda que ainda trabalham com essa linha maravilhosa cujo Mentor ou Guia, ou Dirigente Espiritual é Francisco de Assis, este espírito que é pura luz, amor e abnegação. E, para nossa felicidade, duas casas remanescentes estão aqui no Rio Grande do Sul. Um dos sacerdotes responsáveis era um tenente reformado da Marinha e o centro chama-se Centro de Umbanda de São Francisco de Assis. Hoje, quem o dirige é a irmã deste tenente, pois o mesmo faleceu, senhora Núbia Martha. O outro parece ter o nome de Casa de Oração São Benedito, cujo responsável é o Sr. Marcelino Antônio. Nestes dois casos as fontes consultadas não lembravam as respectivas cidades.
A Umbanda de Simiromba tem a assistência de espíritos franciscanos, e seus trabalhos são muito bonitos, eles fazem muitas preces, novenas, suplicas faladas com protetores, dizem ainda que tem origens no estado do Maranhão.
A título ainda de conhecimento, cabe salientar que a primeira Tenda Umbandista fundada pelo Zélio de Moraes, a Tenda Nossa Senhora da Piedade trabalhava com essa linha de Simiromba. Inclusive, numa das incorporações do Caboclo das Sete Encruzilhadas, um médium vidente questionou-lhe o porque dele falar como um caboclo, pois via que ele usava um hábito marrom de jesuíta. Ele informou estar assim vestido de acordo com sua última encarnação na terra como padre jesuíta (e como nada é por acaso...)
Era comum naqueles tempos os centros de Umbanda que trabalhavam na linha de Simiromba - como era o caso da Cabana de Pai Caetano -, fazerem a Oração de São Francisco na abertura das giras de Caboclos. Era uma gira abençoada, conforme relatos de pessoas que conheceram esse trabalho.
Deixo abaixo, estrofes de pontos cantados nas sessões de Simiromba:
Simiromba vem Simiromba
Com a cruz na mão Simiromba
Como ele vem contente, Simiromba
Trazendo a sua redenção, Simiromba
Bate, bate, bate, bate, Simiromba
Ora tornas a bater, Simiromba
Para concluir tão belo conhecimento deixo depoimento de uma senhora do Rio de Janeiro, chamada Márcia e que faz parte do meio Umbandista e cujo depoimento sobre a Linha de Simiromba é impar:
DEPOIMENTO DE MÃE MÁRCIA D'OYA
Iniciei-me na Umbanda nos anos 60 e conheci pelo menos quatro centros aqui no Rio de Janeiro, que trabalhavam com a linha de Simiromba: O primeiro era da Mãe Carmen, ficava no Encantado; o outro era da Mãe Guiomar Reis, no Sampaio, que foi quem me iniciou na Umbanda, chamado Casa da Vovó Maria Conga; o terceiro era o terreiro de Mãe Dalila que ficava na Rua Barão dos Santos Anjos, no Engenho de Dentro, e ainda, a Cabana de Pai Caetano que era de meu avô carnal.
Na casa de meu avô, Pai Maurício, Simiromba era uma linha de trabalho chefiada por São Francisco de Assis. Eram freis e freiras que trabalhavam principalmente com cura. Eram invocados dentro da linha de São Sebastião (Oxossi).
Minha avó, Mãe Marina, trabalhava nesta linha com um Frei, que sempre fazia os casamentos da casa. Este frei, quando incorporado, durante estas cerimônias, transformava 2 pétalas de rosas brancas em hóstias que eram dadas aos noivos como se fosse uma comunhão. Vestia-se com uma túnica branca com uma cruz azul bordada no peito.
Ao ouvirem "Salve Simiromba", os atabaques rufavam. Se havia Caboclos em terra, estes se ajoelhavam para seus cânticos e assim permaneciam até que esta entidade chegasse.
Seu ponto de chamada era cantado lentamente:
Salve Simiromba!
Ê, Simiromba â.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Simiromba, vem â Simiromba
Vem, vem, vem, Simiroba,
Ele vem com a cruz na mão, Simiromba.
Ê, Simiromba â¦
Vem, vem, vem, Simiromba!
Vem abençoar a gente, Simiromba
Ê, Simiromba!
Vem pelas mãos de Deus, Simiromba.
Ê Simiromba â¦.
Vem, vem, vem, Simiromba!
Lembro-me de mais um ponto que era cantado enquanto éramos abençoados:
Se meus olhos não me enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦.
Me abençoa, meu Pai.
No raio do amor
No raio da Luz!
Se meus olhos não me enganam,
É São Francisco, Simiromba â¦
Me abençoa, meu Pai,
No amor de Maria com a sua cruz!"
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CANÇÃO DE SIMIROMBA
(ensinada pelo Preto-Velho Tio Bento de Assis)
Simi, Simi, Simi, Simi, Simiromba (o frade)
Simi, Simi, Simi, Simi, Simiromba
Simi, Simi, Simi, Simi, Simiromba (o frade)
Simi, Simi, Simi, Simi, Simiromba
Simiromba anda devagarzinho
Passo a passo, segue o seu caminho
E a todos que encontra
Deseja Paz e Bem
Simiromba é pura bondade
Expressão maior de humildade
E de amor pela Humanidade
Também.
Refrão
Simiromba é o pobrezinho
O menor de todos irmãozinhos
Pés descalços, a túnica rota
É o que possui.
E, se ganha um pão na estrada
O recebe com as mãos enchagadas
Abençoa e passando adiante
Logo distribui.
Refrão
Simiromba é o pai da pobreza
E por ele se tem a certeza
Que o que vale são os sentimentos
Para Deus
Não importa se é rico ou se é pobre
Se tem ouro, ou prata, ou cobre
Nada disso se leva consigo
Pro Reino dos Céus.
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