Séculos atrás, em dois pontos distintos da Terra, pessoas se reuniram para meditar sobre a morte. Não qualquer morte, mas a boa morte. No interior de Portugal, país católico, eles se tornaram os seguidores de Nossa Senhora de Boa Morte.
Em algum lugar da África, agruparam-se em uma irmandade de mulheres maduras preocupadas em garantir funerais dignos.
Os dois grupos se cruzaram no Brasil e a expressão "boa morte" passou a ser ouvida em algumas paróquias e em terreiros do candomblé.
Origens
A devoção a Nossa Senhora da Boa Morte é, provavelmente, o mais antigo culto prestado à Virgem Maria. Ela tem origem numa Tradição Cristã do primeiro Século, chamada "Dormição da Assunta". Essa tradição revela que Nossa Senhora faleceu (por isso o termo “dormição” em referência ao sono da morte). No momento de sua passagem, ela estava cercada pela maioria dos Apóstolos. Estes, sepultaram-na num túmulo que nunca tinha sido usado, situado no Getsêmani, local da agonia de Jesus, em Jerusalém. Após três dias, outro Apóstolo chegou e quis, de todo coração, ver a Virgem Maria pela última vez. O túmulo foi, então, aberto na presença de todos e, para surpresa geral, o corpo de Santa Maria não estava lá. Havia somente um forte odor de flores. Eles compreenderam, assim, que a Virgem Maria foi assunta, ou seja, elevada aos céus de corpo e alma. A partir daí, começaram a cultuar o dia da “Dormição da Assunta". Logo depois, surgiu o culto a Nossa Senhora da Boa Morte e perpetuou-se na Igreja até os dias de hoje.
Histórico
O Papa Sérgio I, cujo pontificado aconteceu entre 687 e 701 introduziu oficialmente o culto à “Dormição da Assunta”, ou Assunção de Nossa Senhora na liturgia Católica Romana, fixando sua festa para o dia 15 de agosto. Em decorrência dessa festa, espalhou-se mais ainda a devoção a Nossa Senhora da Boa Morte.
Teologia
Venerar a Boa Morte de Nossa Senhora é celebrar a primeira pessoa humana, depois de Jesus Cristo, que está no céu de alma e corpo. Como Mãe do Salvador e preservada do pecado, ela foi ressuscitada por Deus e levada ao céu de corpo e alma. Tanto, que não existe um “túmulo de Nossa Senhora” para ser venerado pelos cristãos. Com Maria já aconteceu aquilo que professamos no credo: “Creio na ressurreição da carne...” Assim acontecerá com todos os seres humanos no final dos tempos.
Ave Maria
Quando rezamos a Ave Maria, pedimos a intercessão da Mãe de Deus “agora e na hora da nossa morte”. “Agora”, significa o tempo presente, a vida neste mundo terreno. “Na hora da nossa morte”, como diz o texto, pedimos que nossa Mãe Celestial interceda por nós no momento de nossa passagem para a vida eterna. Ela viveu essa experiência, ela é a Mãe do Salvador e nossa Mãe. Por isso, buscar o auxílio da Virgem Maria na hora da morte, é buscar um porto seguro no momento mais importante da nossa vida, pedindo a graça de uma morte em paz e a salvação eterna.
Dogma
O dogma da Assunção de Nossa Senhora foi proclamado em 1950, pelo Papa Pio XII. Esse dogma coroou a fé que sempre foi professada pela Igreja desde o primeiro século: “a morte, ressurreição e assunção de Nossa Senhora.” Assim, a devoção a Nossa Senhora da Boa Morte nos remete ao desfecho da vida da Virgem Maria na Terra, como primícias do que acontecerá conosco também, com a graça de Deus.
A devoção no Brasil
A devoção a Nossa Senhora da Boa Morte foi trazida para o Brasil pelos portugueses, que tinham um especial carinho por esta devoção. No Brasil foi integrada à cultura cristã do povo. Essa devoção nos lembra um momento, uma etapa da vida da Virgem Maria, que é um “paradigma”, um exemplo profético daquilo que acontecerá um dia conosco.
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