POMBAGIRA CIGANA

Enviado por Gitano Blanco

O papel da mulher na cultura cigana assume importância fundamental, na verdade, são as mulheres as encarregadas do sagrado e, sempre do sexo feminino, são a maioria das entidades que povoam o panteão cigano.

Sabe-se que os ciganos vieram pela primeira vez à América no século XVII, no entanto, foi no século XVIII que houve uma onda real de migração, que afetou todo o continente.

As religiões afro-brasileiras são, por natureza, abertas a todos, e a cultura cigana, com todo o seu fascínio, foi recebida de braços abertos na Umbanda, que instituiu no culto uma verdadeira falange de espíritos ciganos.

É neste contexto cultural que se encaixa a Pombagira Cigana, síntese de todos os espíritos ciganos, entidade de muitas manifestações, trazendo consigo praticamente todo o conhecimento desse povo.

Pombagira Cigana, essencialmente, encarna o arquétipo daquelas jovens que, por não conformidade, por fome de liberdade ou por inescrupulosidade, vão contra as regras sociais. Neste aspecto Pombagira é muito semelhante a Yansã, todavia, pela vaidade e malícia que a distingue, tem muita ligação com Oxum.

Apresenta-se como cigana típica: lenço, argolas, muitas bijuterias, roupas em vermelho e dourado, uma rosa no decote, pequeno punhal com pedras vermelhas, que esconde sob a saia. Fala espanhol ou "portunhol".

Invoca-se seu Axé (energia) para resolver casos de justiça, mesmo que não haja razão, para separação, divórcio, problemas burocráticos e sentimentais.

Especialmente indicada para cartomantes e usuários de oráculos, pois lhes atrai clientes; é representada com um pandeiro ou jogando cartas, que geralmente  utilizam o baralho comum ou o espanhol; às vezes o baralho petit lenormand.

Oferendas:

velas coloridas (exceto preta, marrom e roxa), principalmente as vermelhas, assim como fitas. Champagne comum ou rosé, lenço estampado em cores vivas, rosas.

Destrava o que estiver estagnado e abre ou fecha os caminhos para o amor. Suas oferendas (ebós) são: rosas vermelhas e amarelas sem espinhos, flores do campo, adornos dourados e com moedas, perfumes, velas vermelhas, incenso de rosas, lenços vermelhos ou estampados com rosas; fitas coloridas, doces sírios, baralho comum, pandeiro enfeitado com fitas. Tudo sempre acompanhado por cartas que representam o que você deseja alcançar. Excelente para uniões com pessoas mais jovens.

No rito amoroso, age sobre a vítima amarrando-a ou tornando-a impotente, tirando sua energia e dominando-a totalmente: Raros são os homens que têm força de rebelar-se contra o seu poder.

O modo de oferendar a esta Pombagira é a "promessa, troca", à beira de uma estrada sem pavimento, e não em encruzilhadas em forma T, porque embora pomba-gira, é cigana!

Quando surge portando um pandeiro, age sobre o corpo e o espírito, sobre o caráter, o temperamento de cada um de nós. A alegria, o otimismo e o apetite pela vida, que caracterizam a cultura cigana, são suas características integrantes.

Sua vibração é uma explosão de audácia e simpatia, muito indicada às pessoas que parecem sempre mal-humoradas e lutando para construir relacionamentos. Ela nos faz superar os momentos difíceis da vida e acompanha-nos na juventude despreocupada, com sua fresca alegria.

O ensinamento e o convite que esta Pombagira transmite é: divirta-se, aproveite a vida ao máximo, e nunca desanime diante dos problemas.

O aspecto negativo emergente de seu arquétipo é uma completa indiferença para com os outros, o divertir-se egóico a todo custo, que leva a um distanciamento progressivo da realidade e dos valores (como os jovens que fazem de seus carros, armas, perdendo e tirando vidas semanalmente, aos sábados a noite).

Os jovens, atraídos pela beleza desta Pombagira, deixam-se seduzir por seus encantos e falsas promessas.

O dano que o "vício" - simbolicamente expresso na Pombagira - pode causar, deve ser um aviso a todos os que entram em contato com os orixás. Os efeitos que essas energias têm sobre as pessoas mais fracas e menos preparadas são sempre devastadoras e perigosas para o corpo e alma.